A exame para sarna em cachorro é uma ferramenta diagnóstica fundamental na identificação precisa dos ácaros causadores das dermatopatias mais comuns e contagiosas em cães. A sarna, dividida principalmente em sarna sarcóptica (causada pelo Sarcoptes scabiei) e sarna demodécica (devida ao Demodex canis), apresenta manifestações clínicas que impactam diretamente o bem-estar do animal e a convivência familiar. Por isso, realizar exames dermatológicos detalhados possibilita identificar rapidamente o agente etiológico, determinar a extensão da lesão e planejar terapias direcionadas que promovem a resolução rápida dos sinais clínicos, minimizando o risco de complicações secundárias e reinfestações.
Compreender os mecanismos de transmissão e a biologia dos ácaros é essencial para interpretar os resultados dos exames e assegurar intervenções eficazes. O Sarcoptes scabiei é um ectoparasita altamente contagioso, responsável pela sarna sarcóptica, caracterizada pela intensa prurido, lesões eritematosas e crostas, com predileção por regiões como ouvidos, cotovelos e face. Já o Demodex canis, habitante natural dos folículos e glândulas sebáceas da pele saudável, pode proliferar excessivamente em situações de imunossupressão, desencadeando formas localizadas ou generalizadas da sarna demodécica, frequentemente acompanhada de alopecia e piodermites secundárias.
O reconhecimento precoce dos sinais clínicos, aliado à confirmação laboratorial precisa, evita progressão da doença e riscos sistêmicos associados, como infecções bacterianas profundas ou disseminação em ambientes domésticos e clínicas.
Por se tratar de condições parasitárias, o diagnóstico laboratorial confirma a presença dos ácaros e orienta o tratamento específico. A escolha do método diagnóstico deve considerar a fisiopatologia dos ácaros e a natureza das lesões cutâneas.
O raspado de pele profundo consiste na obtenção de fragmentos epiteliais retirados com lâmina de bisturi, em regiões suspeitas de infecção por sarna. A técnica visa coletar ácaros e seus ovos localizados em camadas mais profundas da epiderme e folículos pilosos, especialmente para Sarcoptes scabiei. O procedimento deve ser efetivado até surgirem micro-sangramentos para garantir amostras representativas.

A avaliação microscópica das amostras em lâminas coradas possibilita detectar os ácaros adultos, ninfas ou ovos, característicos do agente etiológico, confirmando a infecção. Entretanto, devido à baixa carga parasitária em alguns casos, o exame pode apresentar falso-negativo, exigindo complementação com outras técnicas.
Utilizado principalmente para a sarna sarcóptica, o teste por escarificação envolve a raspagem mais superficial da pele, removendo crostas e fragmentos que possam conter ácaros. É um procedimento simples e rápido, indicado para casos com prurido intenso e lesões clássicas, embora tenha menor sensibilidade que o raspado profundo, devido ao ciclo de vida dos ácaros e seu predomínio em camadas cutâneas inferiores.
As lesões cutâneas da sarna frequentemente evoluem para infecções bacterianas secundárias. A coleta de amostras por citologia aspirativa ou swab nas crostas e exsudatos permite identificar colonização bacteriana, orientando o uso racional de antibióticos adjuntos ao tratamento antiparasitário.
Em situações atípicas ou que não respondem aos tratamentos convencionais, a biópsia cutânea torna-se um exame indispensável, permitindo a análise microscópica da arquitetura tecidual e a presença de ácaros em folículos pilosos. É especialmente útil na sarna demodécica generalizada ou nas formas profundadas da doença, fornecendo diagnóstico diferencial com outras dermatoses e auxiliando na avaliação do grau de inflamação e danos teciduais.
Para casos com diagnósticos duvidosos, técnicas moleculares como a reação em cadeia da polimerase (PCR) e métodos imunoenzimáticos possibilitam a detecção do material genético dos ácaros em amostras de pele. Apesar de não serem rotineiramente utilizados, esses exames oferecem alta sensibilidade e especificidade, especialmente para monitorar pacientes em tratamento prolongado ou em ambientes de alta infestação.
Identificar corretamente a necessidade do exame para sarna em cachorro requer profundo entendimento dos sinais clínicos típicos e diferenciação entre as diversas causas de dermatite. Abaixo, são detalhados os sintomas que orientam o tutor ou veterinário para a indicação do diagnóstico laboratorial.
A sarna sarcóptica caracteriza-se pelo prurido intenso, otites, lesões eritematosas, pápulas e crostas, geralmente precedendo alopecia secundária. O acometimento é frequentemente simétrico e atinge regiões como borda das orelhas, região ventral do abdômen, tornozelos e face, refletindo o padrão de disseminação do ácaro.
Casos avançados podem apresentar irritação generalizada, perda de peso e desconforto generalizado, afetando diretamente a qualidade de vida do animal. Tutores devem atentar para o comportamento de coceira exacerbada e alterações de pele que não respondem a tratamentos tradicionais.
Já a sarna demodécica manifesta-se inicialmente por áreas localizadas de alopecia bem demarcadas, com pele avermelhada ou com presença de pústulas e piodermites. Em casos generalizados, pode ocorrer pela imunossupressão, com múltiplas áreas de perda de pelos, descamação, hiperpigmentação e infecções bacterianas severas.
É crucial diferenciar a sarna demodécica da sarna sarcóptica, pois o manejo terapêutico e prognóstico divergem substancialmente, evidenciando a necessidade do exame laboratorial.
A presença de febre, letargia, anorexia ou alterações comportamentais associadas às dermatopatias indica possível evolução para quadros graves, como infecção secundária generalizada ou reação alérgica sistêmica. Nestes casos, a confirmação diagnóstica imediata por meio do exame de raspado e complementares é indispensável para definir o plano terapêutico e prevenir sequelas.
A eficiência do diagnóstico laboratorial depende da execução adequada técnica da coleta e análise das amostras. A seguir, os passos detalhados e recomendações técnicas asseguram resultados confiáveis, proporcionando benefícios diretos à tomada de decisão clínica.
A preparação adequada do cão, contendo e higienizando a área a ser examinado, é imprescindível para evitar contaminações e facilitar a coleta. A escolha dos pontos a serem raspados deve seguir os critérios clínicos, preferencialmente em bordas de lesões ativas, evitando áreas com crostas espessas ou ulcerações exuberantes.
Utiliza-se lâmina de bisturi nº 10 ou 15 com óleo mineral para facilitar a aderência da pele e permitir arranque eficaz de fragmentos epidermais. A raspagem deve ser profunda até o sangramento pontual ser levemente observado, garantindo a captura de ácaros intradermicos.
As lâminas contendo o material coletado são examinadas sob microscópio de luz, inicialmente em baixa magnificação, seguida de aumento para identificar morfologia, ovos, ninfas e adultos característicos dos ácaros sarcocépticos ou demodécicos. As diferenças morfológicas entre as espécies são marcantes e auxiliam no diagnóstico diferencial:
Uma análise bem conduzida permite, além da presença, estimar a carga parasitária, fundamental para o prognóstico e acompanhamento terapêutico.
Após coleta, as amostras devem ser acondicionadas adequadamente em recipientes estéreis e enviadas ao laboratório especializado sem demora, preservando a integridade dos ácaros para evitar perda de dados diagnósticos. A comunicação clara entre clínico e laboratório reforça a eficácia do exame, incluindo histórico clínico detalhado e descrições das lesões.
A confirmação do exame para sarna em cachorro define a escolha terapêutica, a duração do tratamento e as medidas complementares que garantem a cura e o controle do parasita no ambiente.
O tratamento é baseado em antiparasitários tópicos ou sistêmicos, como acaricidas à base de ivermectina, selamectina, moxidectina ou acaricidas tópicos contendo permetrina. A administração deve seguir rigorosamente o protocolo veterinário, considerando a espécie e sensibilidade do paciente, especialmente em cães sensíveis à ivermectina.
As medidas complementares incluem controle ambiental, higienização de locais onde o animal circula e tratamentos para controle do prurido e infecções secundárias, como corticosteróides e antibióticos oportunos.
O manejo da sarna demodécica é mais elaborado e exige monitorização contínua. Antiparasitários, como amitraz, ivermectina e isoxazolinas (afoxolaner, fluralaner), são indicados, com atenção ao estado imunológico do paciente. A aplicação de tratamentos locais para piodermites e suporte nutricional também são essenciais para restaurar a barreira cutânea e prevenir recidivas.
Retornos clínicos periódicos e novos exames de raspado de pele após o término do tratamento confirmam a erradicação do ácaro e evitam a persistência subclínica da doença, que pode desencadear surtos futuros com manifestações mais graves.
A exame para sarna em cachorro é ferramenta essencial para a confirmação da doença parasitária, crucial para adotar intervenções rápidas e precisas. Reconhecer os sinais clínicos compatíveis com sarna, como prurido intenso, alopecia localizada ou generalizada, lesões crostosas e inflamatórias, deve instigar a solicitação do raspado de pele profundo, considerado padrão ouro ou, em casos específicos, a biópsia cutânea e exames moleculares.
A precisão do diagnóstico evita tratamentos empíricos inadequados, previne complicações, infecções secundárias e garante o conforto do animal, minimizando riscos de contágio a outros pets ou mesmo a humanos, em relação à sarna sarcóptica.

Para tutores, a recomendação é buscar avaliação veterinária diante do aparecimento dos primeiros sinais dermatológicos e insistir no diagnóstico laboratorial completo, pois o tratamento eficiente depende do correto reconhecimento do ácaro causador. Para veterinários, a integração entre exame clínico detalhado, coleta criteriosa e análise laboratorial especializada é o caminho para terapias individualizadas e monitoramento seguro, fundamentados em evidências científicas robustas.
Quando suspeitar de sarna, principalmente em cães com prurido e lesões específicas, solicitar o raspado de pele profundo no laboratório especializado responsável é decisivo. O diagnóstico precoce é a chave para um tratamento eficaz, prevenção da disseminação e garantia do bem-estar do seu paciente ou pet.